segunda-feira, 1 de novembro de 2010

fotografia



é tarde mas não falha. lambe as águas calmas do capibaribe o sol das três. a ponte histórica, ora passarela, vê vestígios de vestidos, longas melenas, verdes olhares que vão e vão, adornando a orla, descanso de sombras palmeiras altas. mais uns passos e há calçadas, putas, velhos, moleques, camelôs; o cheiro das ruas, ruinas nuas. concórdias nas palmas de joaquim nabuco ouvem os murmúrios motores poluentes. maconhas cheiram os becos, asfaltos gritam sob pneus de ônibus, de motocicletas transportando verdades de porta a porta.

numoutra esquina, tempos depois, jaz o sol no limpo céu. marca zero o ponteiro inicial, de onde vejo o cais a levar lambadas de sal. sentado, rabisca um poema, barbudo, o profeta. recife-me, pede a pedra fundamental. arsenais da torre miram o calmo mar da tardenoite. e ventos assobiam pedindo passagem para as atrasadas naus vindouras dálémar.

novembro fazia o primeiro dia, o dia fazia a tarde. e a quem pudesse sentir, esse afresco tomou forma, obra pura do
tempo aos homens de boa vontade. recife ofereceu-me os elementos, estes, q hoje matariam nassau o príncipe de inveja de mortal qualquer.

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